Prosa e Poesia

Bolsa de mulher

Ana Mello


Você seria capaz de dizer tudo que tem em uma bolsa de mulher?

O básico é fácil: maquiagem, perfume, absorvente, carteira, celular, remédios para dor de cabeça e cólicas.
Mas coisas inéditas e inusitadas podem completar a lista. Algumas não saem sem sua água mineral ou suco, uma barra de cereais, biscoitinhos, balinhas.

Perguntei para algumas mulheres e encontrei também na lista alicates para fazer as unhas, esmaltes, tesoura, grampeador, canetas diversas, caderninho de anotação, carnês de pagamento das mais variadas lojas, preservativos, calcinha extra, creme para as mãos e muito mais.

Outra coisa interessante é a troca de bolsas, mulher troca a bolsa para combinar com a roupa ou sapato, para dar um estilo novo ao visual. Temos tantas bolsas quanto possuímos sapatos, ou quase. Pelo menos uma de cada cor básica. Não esqueça que bege não é marrom, que pode ser claro, escuro, café, ocre e muitos outros matizes. É difícil combinar a bolsa com precisão.

Não resistimos a uma oferta e as bolsas costumam aparecer em todas as liquidações e variando o tamanho também, outro requisito básico.
Particularmente não gosto de bolsa muito grande porque costumo ocupar todo o espaço e fico com dor nas costas, ainda mais que na minha bolsa sempre tem livros. No plural, afinal não costumo ler um só de cada vez.

Não gosto das muito pequenas também, pois o meu básico vai além do celular e da carteira, preciso do caderninho de anotações para algum eventual assunto que não posso esquecer. Isso me faz usar duas bolsas às vezes, a titular e uma de tecido para os livros e lanche. Não sou a única, muitas mulheres usam duas bolsas, é comum.

Uma amiga que já foi assaltada carrega spray de pimenta, e um aparelho que dá choque. Perguntei se ela não tem medo de machucar alguém no susto, achando que é assalto. Ela diz que não, azar de quem tiver atitude suspeita.

Isso ia muito bem, até que um namorado novo resolveu fazer uma surpresa para ela e agarrou-a na chegada de casa. Quase ficou cego e ainda com a maior dor nas partes íntimas. O namoro não terminou, mas tenho certeza que ele morre de medo dela.

Tentei convencê-la de que isso não era bom em uma relação. Ela riu e disse que homem bom é homem constrangido. Sei lá se é brincadeira ou não, essa eu não arrisco contrariar.

 

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